Não posso deixar de admitir que minha mãe teve papel fundamental. Quando crianças, nossa alimentação em casa era normal. Mas na adolescência minha mãe, por motivos de saúde, teve que mudar drasticamente sua alimentação: nada de refinados, doces, carnes, condimentos, enlatados, etc. Nesta época ela passou a comer arroz integral, pão integral, saladas variadas e nos duas - pois meu pai e meu irmão não aderiram aos novos hábitos - andamos experimentando uns restaurantes macrobióticos e vegetarianos.
Depois de formada, deixei Curitiba e me mudei para a praia em que veraneava – uma cidade pequena, que na época, nem asfalto possuía. Acreditava que aquela comida tradicional não combinava com toda a leveza do lugar, com o verde abundante e o ar puro. Sentia-me pesada devorando um bifão engordurado ou um prato de qualquer coisa que fosse frita.
Passei a comer muita fruta, verduras e alimentos integrais. Mas, em pouco tempo já estava entregue a todos os prazeres de uma farta mesa, e para agravar, quase que todos os dias, graças a meu marido. Bom me deixa explicar direito: um cozinheiro de mão-cheia querendo impressionar e nada de opções de restaurantes - meu namoro com meu marido mudou meus hábitos alimentares.
Foram anos ótimos, diga-se de passagem, tivemos a fase da comida japonesa, italiana, alemã e por aí foi, uma torta diferente a cada final-de-semana, doces, bolos, até cansarmos de tudo isso e eu, vagarosamente comecei a mudar aos poucos o que comia.
Longe de ser radical, minha alimentação começou mudando aos poucos, por opção. Não acordei e disse: a partir de hoje... como sempre fazemos e dificilmente conseguimos manter. Comecei a escutar meu corpo e a perceber que meu intestino funcionava melhor, que estava mais disposta e me achava mais bonita, inclusive, pois cuidar do que se come é cuidar de si próprio.
Aos poucos fui substituindo alguns hábitos e passei a cuidar da comida durante a semana e nos finais-de-semana chutava o balde. E continuo chutando. Esse é o segredo.
Não pretendo converter ninguém com as receitas naturebas deste modesto blog (nem eu me converti). Algumas receitas são adaptações no melhor estilo ração, outras eu inventei mesmo.
A propósito, é desta forma que meu marido chama minha comida: ração. No começo ele não gostava muito não. Começamos devagar, na mesa tínhamos feijão, bife, salada e dois tipos de arroz: o branco e o integral. Ele não comia arroz integral. Com o passar do tempo ele passou a comer o arroz integral com feijão ou qualquer coisa que tivesse molho, e gostava. Apenas não comia arroz integral seco, sem nada. Mais um pouco e hoje ele come arroz integral seco, e quando não tem no almoço ele pergunta: cadê o arroz integral desta casa?
Claro que existem épocas que as coisas desandam, mas a vida é assim, cheia de altos e baixos, o importante é não desistir.